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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Carpe Diem

Você, alguma vez em sua mísera existência, já teve vontade de fazer alguma coisa inusitada, sem ter que se preocupar com as conseqüências de tal devaneio?
Provavelmente sua resposta será “sim”.

Quando de fato você se deparar com tal desafio, muitas dúvidas irão lhe sacudir o espírito, até que você se incline para alguma posição, seja ela qualquer que seja. Seus amigos, seu trabalho, seus amores, religião, preconceitos, tudo, absolutamente tudo irá lhe remoer a mente. E você ainda irá se perguntar se realmente vale a pena – e vale?

Depende qual seja esse desafio que se lhe apresenta, ou de qual loucura você está prestes a cometer, não é? E se for uma daquelas que estão entre o bem e o mal? ou querendo ultrapassar o limite da ética ou da moral? ou for uma daquelas ações que beiram o limiar entre a razão e a loucura?

Quando a decisão for evidentemente a errada, ou seja, é amoral, é anti-ética, ou qualquer coisa do gênero, fica até fácil escolher, se bem que ainda tem aquelas mentes tempestivas que se desprendem mesmo por este caminho e que “viva a vida e dane-se o resto!”, mas e se sua decisão for daquelas difíceis, se ela estiver no limiar entre os dois mundos do certo e do errado a ponto de lhe deixar realmente em dúvida? - “Poxa, mas isso irá me proporcionar um enorme prazer!”, você pensa consigo mesmo.

Vamos imaginar uma pessoa relativamente de bem consigo própria, em equilíbrio com seu trabalho, seus amigos, provavelmente ela não irá querer mudar seu “status quo”. Mas mesmo essa pessoa, em algum momento de sua satisfatória jornada, poderá sentir a necessidade de quebrar esse ciclo. Uma vontade enorme de dar um rumo diferente a sua vida lhe assolará a alma, nem que seja uma pequena desviadinha de sua trilha já tão rotineiramente esculpida na montanha da razão: essa pessoa precisará se sentir viva.

Talvez este seja o grande motivo que nos impele a esse dilema: as pessoas simplesmente não vivem; elas trabalham, estudam, cuidam da casa, dos filhos, mas, não vivem! Em algum momento de sua existência seu espírito irá se rebelar contra seu corpo para tentar apaziguar essa carência. Lutar contra isso significa enfrentar seus demônios. Você poderá ter que lutar contra seus preconceitos, desafiar sua ética ou mesmo sufocar sua moral, e tudo isso para levar apenas um gostinho da vida.

Conheci uma pessoa, por exemplo, que não pensou duas vezes em cometer uma loucura deste tipo e, apenas com um desejo em mente, ela foi em frente e encarou seus demônios, aliás, não teve que enfrentar a sociedade ou amigos, mas apenas encarar de frente seus preconceitos para realizar sua pequena fantasia.

O que aconteceu foi que ela se viu cruzando uma linha, a linha do medo, e depois de cruzada essa linha, ... ah, meu amigo... – não tem mais volta: você se torna um super-herói, andará como se sobre a multidão, você será diferente. É como se você comesse a maçã do conhecimento. E quando você olhar para os lados, você não terá mais iguais, você estará caminhando sobre animais, como dizia um filósofo já falecido.

Pode ser que sem aquele medo inicial, que é o legado que a sociedade lhe passa, a fim de que você não ultrapasse determinadas barreiras, você realmente se torne um super-herói, e sairá por aí “enfrentando moinhos” montado em seu corcel. Para o mundo surgirá um louco, para o louco, o mundo se encolherá.

Mas o mundo voltou a se retrair para minha amiga. Ela teve seu gostinho da vida, caminhou sobre a brasa e não se queimou, apenas sua alma se avermelhou um pouco, pois o diabo lhe incendiou o rabo, sorte a sua. Ela preferiu não cruzar mais essa linha. Pobre amiga, sabe agora o gosto que a vida tem, mas é prisioneira de seu mundo perfeito. E quem não o é, não é assim? ... eu também o sou! e você, e Paulo, e Maria, e Paul, e Rabin.

Ela “colheu o seu dia”, aproveitou o seu momento, e deixou então seu botão de rosa, já florido, voltar a murchar.

Pensou ela então, agora com a razão: “mas que importa que me mate; o que faço, cada dia, senão ir morrendo?”

Ao contrário dela, outras pessoas estão sempre testando seus limites, e... o nosso! Sim, porque ninguém é uma ilha, e quando alguém resolve cruzar essa linha, este alguém estará também enfrentando outro alguém, talvez até mesmo você, caro amigo! Eles são loucos, são santos, são mágicos, são terríveis. Mas não estão nem aí, eles estão apenas vivendo. Estão sempre em busca da terra prometida e não há nada que possa impedir sua jornada: nenhum limite existe para estes.

Limites, sim..., os limites. Eles são estabelecidos para nós, simples mortais, que morremos de medo da vida, que não arriscamos. Nunca ninguém disse para gente que a vida é única e que deveríamos “colher o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre”. Sempre disseram para que a gente não fizesse isso ou aquilo, se quiséssemos ter um lugar garantido nos céus: economize a vida para gozar os prazeres eternos.

A arrogância e a loucura são uma qualidade dos grandes, por isso não deve ficar confinada num coração pequeno. O homem sempre será escravo de suas paixões e por elas ele deve lutar, só assim ele será grande, só assim ele viverá.

sábado, 28 de junho de 2008

Prometeu e Pandora: a história da criação.



“Prometeu e Pandora.

A criação do mundo é uma questão que, de modo natural, desperta o mais vivo interesse do homem, seu habitante. Os pagãos da Antiguidade, desconhecendo a informação sobre o assunto que obtemos nas páginas da Escritura, tinham a sua própria forma de contar a história, apresentada como segue.
Antes que a terra, o mar e o céu tivessem sido criados, todas as coisas tinham um único aspecto, ao qual denominamos Caos – uma massa confusa e informe, nada além de peso morto, na qual, entretanto, repousavam as sementes das coisas. Terra, mar, e ar misturavam-se na mesma substância; de modo que a terra não era sólida, o mar não era líquido, e o ar não era transparente. Deus e a Natureza finalmente se interpuseram, pondo um fim a essa discórdia, separando a terra do mar, e o céu de ambos. A parte abrasada, sendo a mais leve, espalhou-se e constituiu o firmamento; o ar foi o próximo em peso e localização. A terra, sendo mais pesada, desceu, e a água alojou-se no nível inferior, fazendo-a boiar.
Nesse ponto, algum deus – não se sabe qual – concedeu os seus bons ofícios a fim de organizar e dispor a terra. Ele escolheu os lugares em que ficariam os rios e as baías, elevou as montanhas, cavou os vales, distribuiu as florestas, as fontes, os campos férteis e as planícies rochosas. Quando o ar clareou, as estrelas começaram a aparecer, os peixes se apossaram do mar, os pássaros tomaram o ar, e as bestas de quatro patas dominaram a terra.
Entretanto um animal mais nobre era desejado, e o homem foi feito. Não se sabe se o criador o fez de materiais divinos ou se o constituiu na terra, que havia tão pouco tempo estava separada do céu que ainda se escondiam por ali algumas sementes celestiais. Prometeu tomou um pouco dessa terra, e modelando-a com água, fez o homem à imagem dos deuses. Deu a ele uma postura ereta, de tal modo que enquanto os outros animais voltavam suas faces para baixo, olhando para a terra, o homem ergue o seu rosto para o céu, e divisa as estrelas.
Prometeu era um dos titãs, uma raça de gigantes que habitavam a terra antes da criação do homem. Ele e seu irmão Epimeteu foram incumbidos de fazer o homem e de dotá-lo, bem como a todos os outros animais, das faculdades necessárias à sua preservação. Epimeteu comprometeu-se a fazê-lo, e Prometeu encarregou-se de supervisionar a conclusão do trabalho do irmão. Epimeteu distribuiu aos diferentes animais os vários dons de coragem, força, agilidade, sagacidade; asas a um, garras a outro, uma carapaça protetora ao terceiro, etc. Entretanto, Epimeteu foi tão generoso ao distribuir seus recursos que, quando chegou o momento de prover o homem com faculdades que o fizessem superior a todos os outros animais, nada mais havia sobrado para legar-lhe. Perplexo, recorreu ao irmão Prometeu, que, com o auxílio de Minerva, subiu ao céu e acendeu a sua tocha na carruagem do sol, e trouxe o fogo para o homem. Com esse dom o homem tornou-se muito mais capaz que os outros animais. O dom deu ao homem a possibilidade de criar armas com as quais pôde subjugar os outros animais, instrumentos para cultivar a terra, para aquecer sua morada, para que se amancipasse em relação às variações climáticas, e, finalmente, para criar a arte e cunhar moedas, os meios para realizar negócios e o comércio.
A mulher ainda não havia sido feita. A história (muito inverossímil!) é a de que Júpiter a fez e a enviou a Prometeu e a seu irmão, para puni-los pela presunção de roubar o fogo do céu; e ao homem por ter aceito o presente. A primeira mulher chamava-se Pandora. Ela foi feita no céu, e cada deus contribuiu com algo para aperfeiçoá-la. Vênus deu-lhe a beleza, Mercúrio a persuasão, Apolo a música, etc. Assim equipada, foi conduzida à terra, e apresentada e Epimeteu, que alegremente a aceitou, embora fosse avisado por seu irmão para ter cuidado com Júpiter e seus presentes. Epimeteu tinha em sua casa uma caixa, na qual guardava certos artigos nocivos, aos quais ainda não tinha recorrido enquanto preparava o homem para sua nova morada. Pandora foi tomada por uma impaciente curiosidade de conhecer o conteúdo desse caixa e, certo dia, abriu a tampa para ver o que havia lá. Imediatamente, escaparam dali miríades de pragas sobre os homens – tais como a gota, o reumatismo e a cólica para o seu corpo, e a inveja, o despeito e a vingança para o seu espírito -, que se espalharam para longe e por toda parte. Pandora apressou-se em colocar a tampa de volta sobre a caixa, mas, infelizmente, o conteúdo inteiro já havia escapado, tendo apenas restado uma única coisa no fundo dela, a esperança. Então vemos hoje que, embora haja tantos males, a esperança jamais nos abandona; e, enquanto a tivermos, nenhuma soma de outras enfermidades pode nos fazer inteiramente desgraçados.



Outra história diz que Pandora foi enviada em boa-fé, por Júpiter, para abençoar o homem; que havia recebido uma caixa, com os seus presentes de casamento, nos quais todos os deuses haviam inserido suas dádivas. Pandora abriu a caixa inadvertidamente e todas as dádivas escaparam, com exceção da esperança. Essa versão parece mais provável que a primeira; pois como poderia a esperança, que é tão preciosa quanto uma jóia, ter sido mantida dentro de uma caixa cheia de todos os tipos de males, como na primeira hipótese?”

O Texto acima foi retirado do livro: O Livro da Mitologia – Histórias de Deuses e Heróis, de Thomas Bulfinch.

É impossível não compará-lo à história de Adão e Eva.
Obs. Foto: "Pandora abre a caixa", de Walter Crane (site: http://artfiles.art.com/images/-/Walter-Crane/Pandora-Opens-the-Box-Illustration-for-The-Greek-Mythological-Legend-Published-in-1910-Giclee-Print-C12066627.jpeg)

terça-feira, 27 de maio de 2008

“Assim Falou Zaratustra” – Primeiras impressões.

Assim falou Zaratustra é um livro muito bonito escrito em quatro partes pelo filósofo alemão Friedrich Nietzsche. A primeira parte deste livro foi escrita em fevereiro de 1883 e tomou apenas 10 dias do tempo de Nietzsche ; em julho do mesmo ano, escreveu a segunda parte, também em 10 dias; em janeiro de 1884, a terceira parte; e um ano depois, a quarta e última parte. O livro é uma obra-prima da literatura universal e da filosofia, e também considerada a magnum opus dos escritos de Nietzsche.

Como não devia deixar de ser, a primeira vez que tomei conhecimento de Nietzsche foi assistindo a um episódio de Jornada nas Estrelas, onde fez-se uma breve referência a ele usando uma de suas famosas citações: “a humanidade é algo a ser superado.” O episódio falava sobre a criação de pessoas superiores – até acho que nas últimas dezenas de anos já devemos ter ouvido falar nisso várias vezes, não é? A partir daí, comecei uma extensa pesquisa até chegar ao tal livro – Assim Falou Zarastustra - fonte da referida citação. Devo confessar: fiquei impressionadíssimo com a obra, e levando em conta que estou somente na primeira parte do livro!

Nietzsche foi um filósofo prático, muito inteligente, com livros de conteúdo significativo, cuja obra e pensamento refletem sobre a vida e o comportamento humano e que valem para toda a eternamente, pois abordam verdades universais.

Quando leio um livro desse porte não gosto muito de conhecer antecipadamente as idéias de outras pessoas sobre tal entendimento, não antes de acabar o livro e ter minha própria opinião sobre o assunto. Acho essa técnica muito interessante para que eu mesmo possa tirar minhas próprias conclusões sobre o assunto sem me “contaminar” com outras opiniões. Feita a leitura, já posso então comparar o que achei do livro com a opinião de outras pessoas, os ditos exegetas. Mas o Zaratustra não é tão fácil assim de ler e acabei fazendo uma pequena pesquisa paralela sobre Nietzsche, sua vida e seus escritos. E antes que eu mude de opinião deixe-me postar aqui o que eu achei do livro.

Você vai encontrar na internet centenas de links falando sobre Nietzsche e seus trabalhos, vou até deixar alguns aqui, no final desta postagem, apenas para referência. Não é minha intenção falar sobre filosofia ou sobre a vida dele, pois nem tenho conhecimento para tal, vou apenas deixar registrado a minha visão inicial de como é uma pessoa leiga em filosofia ler um livro dele, as dificuldades, as belezas, os ensinamentos e tudo mais que der para passar. Antes de falar sobre essa primeira parte do Zaratustra, vamos a uma pequena biografia de Nietzshe, ah...não se preocupe, com o tempo, você aprenderá a escrever o nome dele.

Friedrich Wilhelm Nietzsche nasceu em 15 de novembro de 1844 em Roccken, Alemanha e veio a falecer em 25 de agosto de 1900, em Weimar, Alemanha. Sua infância foi conduzida de acordo com a formação religiosa de seu pai, um pastor luterano, mas na adolescência acaba se desvinculando da sua fé e entra para o curso de filologia na Universidade de Leipzig. Aos 25 anos é nomeado professor de filologia na universidade de Basiléia. Ao longo dos 10 anos seguintes, durante o ofício da docência, desenvolve sua acuidade filosófica. Importantes influências em sua vida foram a leitura de Schopenhauer, o contato com o pensamento grego antigo, a sua amizade com Richard Wagner, o seu trabalho como enfermeiro voluntário na Guerra Franco-prussiana, entre outras. Em 1879 abandona o posto de professor em função de sua saúde precária e começa então a viver de cidade em cidade a procura da cura de sua doença e onde se dedica intensamente a sua filosofia. Em 1882 apaixona-se por uma jovem russa da qual nega-lhe um pedido de casamento, mas permanece uma grande amizade entre ambos. Em fevereiro de 1883 cria a primeira parte do livro Assim falou Zaratustra – Um livro para todos e para ninguém. Nietzsche continua a escrever em ritmo crescente e em janeiro de 1889 tem uma crise mental. Fica, a partir de então, até sua morte, sob a tutela da mãe e da irmã.

Certamente você irá encontrar muitos estudos e biografia de Nietzsche, que falam sobre sua vida detalhadamente, sua obra, suas influências, seu pensamento. A idéia aqui é apenas uma abordagem geral desse filósofo notável.

Para situá-lo dentro da história vamos a algumas datas e fatos importantes:

A Guerra Franco-prussiana:
Bismarck, a união dos estados alemães e a queda de Napoleão III. A Guerra Franco-Prussiana remodelou a Europa e preparou o caminho para a Primeira Guerra Mundial.A Guerra Franco-Prussiana desenrolou-se de 19 de Julho de 1870 a 10 de Maio de 1871, tendo como adversários o Império Francês e o Reino da Prússia. O conflito marcou a culminação das tensões entre as duas potências após o crescente domínio da Prússia sobre a Alemanha, na época ainda uma federação de territórios quase que independentes. Esta guerra sinalizou o crescente poderio militar e o imperialismo da Alemanha. Foi provocada por Otto von Bismarck, o chanceler prussiano, como parte do seu plano de criar um Império Germânico unificado.

A Origem das Espécies:
(nome completo: "Sobre a origem das espécies através da selecção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida", tradução de On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life) foi um livro escrito pelo naturalista britânico Charles Darwin. É um dos livros mais importantes da história da Biologia. Nele, Darwin propõe a teoria de que os organismos vivos evoluem gradualmente através da seleção natural.O livro foi publicado pela primeira vez a 24 de Novembro de 1859, esgotando rapidamente e criando uma controvérsia que ultrapassou o âmbito académico, ao chocar com a crença religiosa na criação, tal como é apresentada na Bíblia, no livro de Gênesis.

Iluminismo:
Este movimento surgiu na França do século XVII e defendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os filósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a sociedade. Os pensadores que defendiam estes ideais acreditavam que o pensamento racional deveria ser levado adiante substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, segundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as questões que, até então, eram justificadas somente pela fé. A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII, e, este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade. Também teve influência em outros movimentos sociais como na independência das colônias inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira, ocorrida no Brasil. Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados a nobreza e ao clero.

Totalitarismo
Os regimes totalitários nasceram em uma época em que o capitalismo passava por uma crise. Após a 1ª Guerra Mundial, veio a crise de 1929 nos Estados Unidos, que havia crescido economicamente com a guerra, até a crise conhecida como a grande depressão.Com o capitalismo em crise, tendo seus conceitos questionados, houve o surgimento de um regime que procurou ter um estado forte para que não houvesse transformações. A liberdade de pensamento deu lugar à censura e à repressão.O totalitarismo ocorreu em alguns países, cada um com seu nome, mas com as mesmas características.


Sobre Assim Falou Zaratustra.

Tenho certeza, que se você procurar na internet, encontrará muitos links falando sobre quem realmente foi Zaratustra, sobre as divisões do livro e sobre o conteúdo filosófico desenvolvido pelo autor ao longo de suas páginas, bem como uma bibliografia detalhada de Nietzsche. Eu, em poucas palavras, não conseguiria falar nada aqui sobre tudo isso, e entendo que quanto mais leio sobre ele e suas obras, mais coisas tenho a aprender: é um mundo a parte e certamente ainda vou me aventurar pelo restante de suas obras e sua vida como filósofo. Portanto, vou registrar aqui, tão somente as impressões iniciais que tive, impressões de um leigo em filosofia, sobre a primeira parte do livro Assim Falou Zaratustra, pois ainda estou lendo as demais partes.

Se você espera uma história coerente dentro do livro, não irá encontrá-la. A obra é escrita de tal forma que você, após ler o preâmbulo, poderá lê-la a partir da parte que melhor lhe aprouver. Nietzsche tem uma forma muito peculiar de escrever. São parágrafos curtos, com frases inteligentes, e completamente fragmentadas. O livro só se torna coerente como uma unidade, pelo menos essa foi a impressão que tive. Não é um livro que conta uma história, com inicio, meio e fim. É uma obra de filosofia, escrita de uma forma muito inteligente, onde um personagem, o Zaratustra, representando um sábio, desce de sua montanha para anunciar a chegada de um novo homem: o super-homem. Inicialmente ele prega os seus ensinamentos para o povo, depois ele prega para seus discípulos e finalmente ele prega para algumas pessoas que se dispõe a ouvi-lo. A temática do livro gira em torno de o Homem, tal qual o conhecemos, ser um ser em evolução, ou seja, ele seria “uma corda distendida entre o animal e o super-homem”, segundo a visão de Zaratustra-Nietzsche. Se você simplesmente começar a ler o livro, sem qualquer espécie de preparo, correrá o risco de não entender muito bem a mensagem que Nietzsche quer transmitir. Foi muito útil para mim, poder ler um pouco sobre os fatos históricos que cercaram essa época (séc XIX), tais como o totalitarismo, o iluminismo, a guerra franco-prussiana, e a mudança de paradigma da origem do homem, com o lançamento do livro A Origem das Espécies (Charles Darwin), com os links indicados acima. Assim feito, foi possível entender um pouco mais sobre as idéias desenvolvidas neste livro.

A primeira impressão que tive foi tratar-se de uma auto-biografia, pois há muitas passagens na primeira parte do livro, que dão a entender tratar-se do próprio Nietzsche, tais como o fato de Zaratustra precisar se afastar da sua pátria por 10 anos, tal qual fez Nietzsche, quando se afastou de seu oficio por motivos de saúde e saiu a vagar por várias cidades; ou o fato de Zaratustra ser um sábio que estava acima de muitas pessoas em seu conhecimento, pois Nietzsche também entendia muito bem a sociedade e o ser humano, pois foi um grande estudioso de várias obras do pensamento, e talvez ele se considerasse acima da média do pensamento da época. O fato de Zaratustra pregar a morte de Deus reflete o seu afastamento da religião e também o fato de ele pregar a vinda de um super-homem, reflete sua influência pelo Darwinismo, em minha opinião. Em Do novo ídolo, ele faz uma crítica explícita ao Estado. Zaratustra prega sobre a mulher, sobre Deus, sobre a castidade, sobre os amigos, sobre o povo, sobre o casamento, sobre tudo um pouco. Nietzsche expõe suas idéias e pensamentos a cerca do mundo em que vive e de sua crença em um ser melhor através dos ensinamentos de Zaratustra e fala em uma linguagem cheia de sabedoria, tentando reconhecer as virtudes necessárias em cada um desses tópicos, ou seja, tentando mostrar o que seria necessário para que o homem comum tornar-se um super-homem. Ele se mostra como um anunciador desse homem melhorado, que ainda estaria por chegar.

Eu, ao ler essa primeira parte, tive a impressão de tratar-se de uma autobiografia, pois até ele mesmo reconhece isso quando fala nos escritos sobre Wagner e Schopenhauer. Também Jung diz que Zaratustra é Nietzsche em um simpósio alguns anos após a sua morte, mas quando você lê um pouco mais sobre sua vida, suas influências, sua época e outros de seus livros, essa impressão acaba dissipando-se. Suas idéias vão muito mais além do que uma autobiografia, mas claro, deixando traços de sua personalidade por toda sua obra.

Sobre sua maneira de escrever.

Algumas obras atingem um grande número de pessoas, pois possuem uma linguagem simples de entender, com frases pequenas e acessíveis a uma grande parcela da população e versam sobre temas pouco complexos e que mexem com a imaginação da maioria das pessoas: seriam os livros de Paulo Coelho um exemplo? Outras obras exigem um pouco mais de instrução e interesse e atingem uma parcela um pouco menor, e são para um público mais seleto. Mas algumas obras são realmente fascinantes: exigem um leitor atendo e estritamente seleto. Eu considero o livro de Nietzsche - Assim Falou Zaratustra, para esse último grupo de leitores. Segundo suas próprias palavras: “Os figos caem das árvores: são bons e doces; e conforme caem assim se lhes abre a vermelha pele. Eu sou um vento do Norte para os figos maduros.” Parece óbvio que sua mensagem não é para todos, apenas para as pessoas mais “maduras”, tanto para os figos, quanto para os seguidores de Zaratustra, quanto para os leitores de Nietzsche, ao meu ver.

O livro tem muitas palavras e muitos assuntos desconexos tornando-o uma leitura muito difícil. Eu, por exemplo, quando li Das Três transformações, de cara não entendi muito bem a diferença entre o camelo, o leão e a criança, mas foi necessário mais duas ou três leituras atentas para entender a mensagem que ele transmite naquela passagem, é difícil mas não impossível, e o livro é tão extraordinário, que quanto mais você o lê, mais você vai entendendo o sentido que ele procura dar as suas frases. Ele costuma escrever também usando os aforismos, que são sentenças curtas que concentram um conceito de significado universal, ou seja, em algumas frases você tem o conteúdo filosófico de toda uma idéia: seu pensamento fica eternizado nessas citações. Na postagem que faço logo abaixo, aqui mesmo no blog, sintetizo as principais citações de Nietzsche da primeira parte de Zaratustra, que dá uma pequena idéia do uso de aforismos por Nietzsche e uma das citações que mais me chamam a atenção é esta que segue: “É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.” Veja que pensamento profundo é este, e ele nos rodeia o tempo todo e nem percebemos. Aprendi nos tempos de faculdade, por exemplo, na cadeira de psicologia, que numa crise, o individuo passa por quatro fases, onde a primeira, evidentemente é a negação e que a seguir ele irá passar sistematicamente por outras fases, aceitando seu problema, até chegar à superação (última fase), mas ele precisa chegar ao fundo do poço para retornar renovado e é exatamente isso que Nietzsche diz com aquela frase; ou, então, a mãe que diz para alguém: - deixe ela chorar bastante que isso ajuda!; ou então algo como uma grande criação que nasce de uma tristeza profunda, tal qual uma matéria que tenho citada aqui mesmo no blog chamada: A grande arte e a dor

É preciso saber extrair das entrelinhas de sua obra toda a maestria deste artista: é um estilo diferente, é uma escrita inteligente e Zaratustra é o caminho para vários outros de seus livros.

Uma passagem bastante interessante citada por Simone Azevedo diz o seguinte:

“E mais, Nietzsche pede leitores que possam traí-lo, não quer seguidores, detesta rebanhos que vão atrás de um pastor e tem horror ao espírito gregário que caracteriza o nosso mundo contemporâneo.

Retribui-se mal o mestre permanecendo seu aluno. Se quem lê não se torna um mestre, se não toma o seu caminho, isso significa que não aprendeu a andar sozinho, por conta própria. Com relação a isso dizia Zaratustra: Então, vos ordeno que me percais e que vos encontreis!” um dos mais profundos ensinamentos de Nietzsche (NA. ...e eu concordo plenamente).

Assim, seu texto é complexo exigindo um certo esforço de quem lê, com certas nuances e contradições que são verdadeiras desafios para o pensamento, uma vez que ele exige do leitor que este pense uma pluralidade de perspectivas contrariando o nosso gosto pelas redundâncias.

A maioria dos fragmentos com os quais nos deparamos possui uma série de inflexões: aparecem aspas que colocam a palavra ou o conceito sob suspeita, a pontuação é enfática, e nada disso é gratuito. Esta característica faz parte de toda a sua obra.”

Sobre a vinda do super-homem.

De onde Nietzsche tirou essa idéia de super-homem?

Não sei realmente, mas posso fazer algumas suposições, baseado apenas em minhas leituras preliminares.
Certamente Nietzsche teve algumas influências para escrever este livro, mas segundo minha ótica, uma obra que deve tê-lo marcado profundamente foi Crime e Castigo, de Dostoievski (1866), pois quando vi uma resenha do livro fiquei admirado com o tema, pois trata da tríade: culpa, castigo e redenção, ou seja, tudo que prega a igreja católica, da qual Nietzsche se mostra avesso e de onde saiu a expressão: “Se Deus não existe, tudo é possível”. Essa idéia de um homem solitário, sem Deus, fazendo justiça com as próprias mãos e vivendo em função apenas de seus ideais, tem tudo a ver com o populismo russo do século XIX o qual gerou uma série de heróis anarquistas. Mas o herói de Nietzsche não é castigado nem precisa de redenção, pois ele é um ser evoluído e cria sua própria moral, pois se Deus não existe, o super-homem tem que ser um criador. Esse super-homem não se confunde com aqueles dos quadrinhos criado em 1933 por Jerry Siegel e Joe Shuster, para “resolver” o problema da Grade Depressão de 1929 nos Estados Unidos. O super-homem de Nietzsche, que na verdade é um “além-homem”, é uma pessoa comum, que possui uma série de qualidades de um homem evoluído, alguém com virtudes além das dos homens normais. Eu tenho a nítida impressão que há uma clara referência às teorias de Charles Darwin sobre evolução. Para Darwin, o homem atual é fruto de uma série de melhorias incorporadas ao seu organismo através de um processo evolutivo, onde apenas os mais aptos passam adiante esses melhoramentos. O super-homem de Nietzsche também é fruto de melhoramentos, mas não de características físicas, mas sim de suas virtudes. Eu tenho até um texto antigo falando sobre a evolução das virtudes do ser humano: Filosofia da Maria sobre a vida, o universo e tudo mais.

Essa necessidade de um ser humano melhor deve ter recebido influências da “degeneração” da sociedade daquela época em virtude do movimento chamado iluminismo, entre outras razões. Havia uma cada vez mais crescente vulgarização do saber, inclusive o super-homem de Nietzsche veio a sofrer uma vulgarização também com a onda dos super-heróis em quadrinhos que se espalhou pela América do Norte, alguns anos mais tarde, após sua morte. Afinal, num mundo cada vez mais perigoso, estamos sempre precisando de “alguém para nos defender”.

Outro dia, passando meio que rápido em frente a minha TV, acabei assistindo o finalzinho de um filme chamado “V de Vingança” cuja máscara do ator do filme já logo me chamou a atenção e até acabei gostando da mensagem passada por este filme. Apanhei-o então na locadora e acabei assistindo novamente: uma mensagem muito interessante, sobre como o ser humano está se tornando ignorante novamente, apesar dos avanços tecnológicos e como se dá o controle estatal sobre a população: cria-se um estado de perigo (que na verdade não existe) e depois promete-se a salvação. Eis que surge então um super-herói para abrir os olhos do povo. Esse super-herói nada mais é do que o super-homem de Nietzsche, que reúne todas as condições para tal: é um ser que está acima da moral tradicional, que é forte, que cria suas próprias leis, que é culto e instruído, que quer seguidores e espera que eles “amadureçam”, tal como o fez com a heroína do filme e com o inspetor. Vejam o filme, que sua mensagem é ótima e daria até para escrever um texto aqui no blog sobre esse assunto: a inquisição está de volta.

Bem, eu poderia escrever muito aqui no blog sobre Zaratustra, sobre Nietzsche, sobre a influência de sua obra em nossa vida cotidiana e assunto é que não falta, e isso apenas com a primeira parte do livro que já li. Os entendidos que me desculpem, mas os escritos aqui no blog são apenas uma visão pessoal que tive do pouco que li e sei que muito ainda pode ser comentado ou mesmo corrigidos e eu agradeceria enormemente se houvesse comentários aqui a esse respeito. Tudo vem a acrescentar e nos engrandecer.

Voltando agora à Jornada nas Estrelas, acabei descobrindo exatamente o que se quis dizer no episódio com a frase: “A humanidade é algo a ser superado”, e fui bem além. E como já dizia A. Einstein, “A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta ao seu tamanho original”.

Links de referência:

http://www.zaz.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_pensamento.htm#inicio
http://www.mundodosfilosofos.com.br/nietzsche.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Friedrich_Nietzsche
http://pt.shvoong.com/books/philosophy/256380-assim-falou-zaratustra/

http://www.cienciaefe.org.br/JORNAL/ed90/mt07.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Super-Homem_(filosofia)
http://pt.shvoong.com/humanities/1707052-anti-super-homem/
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/cjornalista/gd011206.htm
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/artigos/nietzsche_super_homem.htm
http://paginas.terra.com.br/arte/dubitoergosum/editor27.htm


Citações de Nietzsche.

Seguem abaixo as principais citações usadas na primeira parte do livro Assim Falou Zaratustra, de Friedrich Nietzsche:

1- O homem é um rio turvo. É preciso ser mar para, sem se toldar, receber um rio turvo.

2- Uma virtude é mais virtude do que duas.

3- É preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.

4- Quem dá comida ao faminto reconforta a sua própria alma.

5- ...deixar brilhar a nossa loucura para zombarmos da nossa sabedoria.

6- Aquele que conduz a suas ovelhas ao prado mais viçoso, para mim será melhor pastor.

7- Prefiro pouco ou má companhia; mas é necessário que venha e se vá embora no momento certo.

8- Nunca viste uma virtude caluniar-se e aniquilar-se a si mesma? O homem precisa ser superado. Por isso necessitas amar as tuas virtudes, porque por ela morrerás.

9- O que sucede à árvore sucede ao homem. Quanto mais se quer erguer para o alto e para a luz, mais vigorosamente enterra suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo: para o mal.

10- (Mancebo) Eu me transformo muito depressa: o meu hoje contradiz o meu ontem. Com freqüência salto degraus quando subo, coisa que os degraus não perdoam. Quando chego em cima, sempre me encontro só.

11- Os teus cães selvagens querem ser livres; ladram de prazer no seu covil quando o teu espírito tende a abrir todas as prisões. (Quando você alcança vôos maiores, você abre as portas, tanto do bem, quanto do mal.)

12- Não é possível estar calado e permanecer tranqüilo se não quando se tem flecha no arco.

13- Quem pouco possui tanto menos é possuído. Bendita seja a nobreza.

14- Nunca a verdade pendeu do braço de um espírito absoluto.

15- As fontes profundas precisam esperar muito para saber o que caiu na sua profundidade.

16- Com gentileza a vil sensualidade sabe mendigar um pedaço de espírito quando se lhe nega um pedaço de carne.

17- Se se quiser ter um amigo, é preciso se guerrear por ele; e para guerrear é mister poder ser inimigo.

18- É preciso honrar no amigo o inimigo.

19- No amigo deve ver-se o melhor inimigo.

20- Pela avaliação que se dá o valor; sem a avaliação, a noz da existência seria oca.

21- A mudança dos valores é mudança de quem cria.

22- O tú é mais velho do que o eu; o tú acha-se santificado, mas o eu ainda não. Por isso o homem anda diligente atrás do próximo.

23- Não só mente o que fala contra a sua consciência, mas sobretudo o que fala com sua inconsciência.

24- É preciso saber ser uma esponja quando se quer ser amado por corações exuberantes.

25- Eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao mais afastado.

26- Existem tantos pensamento grandes que apenas fazem o mesmo que um fole. Incham e esvaziam.

27- O solitário estende depressa demais a mão a quem encontra.

28- Há homens a quem não deves dar a mão, mas tão somente a pata, e além disso quero que a tua pata tenha garras.

29- O pior inimigo, todavia, que podes encontrar, és tu mesmo.

30- O teu caminho passa por diante de ti e de teus sete demônios: serás herege para ti mesmo, serás feiticeiro, adivinho, doido, incrédulo, ímpio e malvado.

31- Como quererias renovar-te sem primeiro te reduzires a cinzas?

32- Que saberias do amor aquele que não devesse menosprezar justamente o que amava?

33- O verdadeiro homem quer duas coisas: o perigo e o divertimento. Por isso quer a mulher, que é o brinquedo mais perigoso.

34- A felicidade do homem é: eu quero; a felicidade da mulher é: ele quer.

35- Quando foi que o veneno de uma serpente matou um dragão?

36- Até os supérfluos, contudo, se fazem importantes com sua morte, e até a noz mais oca quer ser partida.

37- Uma boca desdentada já não tem direito a todas as verdades.

38- O amor do jovem carece da maturação.

39- Vosso espírito e vossa virtude devem inflamar até a vossa agonia.

40- Assim atravessa o corpo a história, lutando e elevando-se. E o espírito, o que é para o corpo? É o arauto de suas lutas e vitórias, o seu companheiro e o seu ego.

41- Todos os nomes do bem e do mal são símbolos; não falam, limitam-se a fazer sinais. Louco é o que lhes quer pedir o conhecimento.

42- O corpo purifica-se pelo saber, eleva-se com o esforço inteligente: todos os instintos do que pensa e conhece se santificam.

43- A alma do que se eleva alvoroça-se.

44- O homem que pondera não só deve amar os seus inimigos, mas também odiar os seus amigos..

45- Mal corresponde ao mestre aquele que nunca passa de discípulo.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

“Minha mente, sua mente.”

“Influenciar uma pessoa é dar-lhe a nossa própria alma. O indivíduo deixa de pensar com os seus próprios pensamentos ou de arder com as suas próprias paixões. As suas virtudes não lhe são naturais. Os seus pecados, se é que existe tal coisa, são tomados de empréstimo. Torna-se o eco de uma música alheia, o ator de um papel que não foi escrito para ele. O objetivo da vida é o desenvolvimento próprio, a total percepção da própria natureza, é para isso que cada um de nós vem ao mundo. Hoje em dia as pessoas têm medo de si próprias. Esqueceram o maior de todos os deveres, o dever para consigo mesmos. É verdade que são caridosas. Alimentam os esfomeados e vestem os pobres. Mas as suas próprias almas morrem de fome e estão nuas. A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.”. Em O Retrato de Dorian Gray, por Oscar Wilde.

Existe muita sabedoria nas palavras, ditas acima, de Oscar Wilde e é evidente que ele tem razão sobre viver a vida, porém, temos que levar em consideração uma expressão “vulcana” que diz: “minha mente, sua mente”. No universo de Jornada nas Estrelas, do qual eu faço parte, é uma expressão até muito comum e significa que duas pessoas fazem uma espécie de “elo mental”: o que uma delas vê e sente é passada para a outra pessoa que está no elo; seria mais ou menos você vivenciar as emoções de outra pessoa se colocando na mente dela.

Alguns livros que lemos acabam nos criando essa possibilidade devido a riqueza de detalhes, de conflitos ou qualquer que seja o recurso usado pelo autor. Suas histórias nos remetem para lugares e situações que jamais experimentaríamos de outra maneira, fazem-nos sonhar, fazem-nos vivenciar em nossa mente tudo o que se passa dentro daquelas páginas. Por exemplo: li um livro, O Martelo das Feiticeiras, que foi escrito em 1484 por dois inquisidores: Heinrich Kramer e James Sprenger. Ora, esse livro foi, durante quatro séculos, o manual oficial da Inquisição. Ao lê-lo, você se coloca no lugar de um indivíduo que viveu numa época diferente da nossa, com outros valores de moralidade, sexualidade, poder, religião. É um verdadeiro documento. Outros livros fazem você vivenciar alguma história fantástica, ou te levam ao delírio sexual, ou te fazem chorar com o sofrimento de seus personagens.

Um livro também é reflexo de uma época e da vida pessoal de seu autor. As emoções, os fatos, personagens ou conflitos que o autor faz uso refletem o que ele vê em seu mundo real, posso até citar aqui o caso de Nietzsche, que em seu livro, O Anticristo, ou mesmo, Assim falou Zaratustra, prega a construção de um homem menos apegado com a religião, rompendo mesmo com o cristianismo, mas mesmo assim usando em seus discursos uma linguagem profética, tal qual foi sua criação, ou mesmo o querer de um homem melhor, refletindo-se nos horrores da guerra do qual vivenciou um pouco. Nos escritos de Nietzsche, aprendemos a conhecê-lo.

É preciso observar também que sempre existe uma mensagem que é passada para gente através da obra de um autor, seja essa obra um quadro, uma escultura, uma música, filme ou livro. A mensagem pode não ser clara, pode estar nas entrelinhas, ou pode se descoberta mais tarde por um estudioso da obra. Às vezes, é muito difícil descobrir que mensagem é essa: pode ser de esperança, de vingança, de obstinação, de algum sentimento humano. Talvez nem o autor tenha consciência da mensagem, ele pode simplesmente ir contando sua história por que a acha bonita, com inicio, meio e fim, mas que pode vir carregada de valores pessoais, morais, éticos, ou alguma coisa que ele acaba passando para o leitor, ou outro apreciador de uma obra qualquer. Faça uma experiência consigo mesmo e leia o livro: A Insustentável Leveza do Ser, de Milan Kundera, e ao final, tente descobrir qual a mensagem que Kundera quer passar: o amor vence no final? ...o sentimento humano é volátil?... vale apenas lutar por um sonho? Aliás, você irá descobrir que a resposta que você achou é diferente da de um outro colega seu! Claro, seus conceitos de valores e experiências pessoais são diferentes. Ou então tente descobrir o que, por exemplo, eu quero passar para você, meu amigo, com esse singelo texto que escrevo aqui? Cá comigo, eu o estou preparando para falar do livro que estou lendo - Assim Falou Zaratustra, do qual eu vou comentar logo acima, numa próxima postagem, mas provavelmente estou passando a você traços de minha personalidade ou mesmo uma outra mensagem. Cabe a você, leitor atendo, descobrir isso.

A expressão vulcana, logo no início do texto, é proposital, pois gosto de vivenciar com emoção uma fantasia, a fim de que ela possa ficar registrada em minha mente (e agora na sua), fazendo-me sentir como se realmente eu fizesse parte dessa fantasia.

terça-feira, 29 de abril de 2008

O Papel do Fisioterapeuta na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba: uma análise a partir da percepção do próprio profissional.

Bom dia.

Estou disponibilizando aqui em meu blog um estudo que acabo de completar como monografia do meu curso de pós graduação em saúde pública. É um estudo destinado a fisioterapeutas com interesse em saúde pública, para gestores de saúde pública e para coordenadores de cursos de fisioterapia, cujo objetivo principal é levar ao conhecimento de todos sobre o trabalho desenvolvido por fisioterapeutas na prefeitura municipal de Curitiba.

Estou disponibilizando aqui no blog o projeto de pesquisa apenas, caso você tenha interesse pelo estudo acesse os seguintes links na web que você poderá então ter acesso ao estudo completo:

http://www.scribd.com/doc/2963968/FisioterapiaSMS-Curitiba
... ou .....
http://docs.google.com/View?docid=dg4djdp3_0fzrdhn38

Cópias e distribuição são livres e peço apenas que façam a devida citação e referência de onde encontrá-lo na web.

Meu contato:

fisio007007@hotmail.com (msn)
george.ft@uol.com.br (email)
http://www.orkut.com/Home.aspx?xid=15555357228183467652 (orkut)

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1. Titulo.

O Papel do Fisioterapeuta na Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba: uma análise a partir da percepção do próprio profissional.

2. Justificativa.

Em dezembro de 2001 a Prefeitura Municipal de Curitiba (PMC), através de concurso público, lotou suas Unidades Básicas de Saúde (UBS) com aproximadamente 20 fisioterapeutas, para dar vazão a um serviço até então terceirizado por clínicas conveniadas. Esses profissionais assumiram seus postos de trabalho atendendo a uma demanda reprimida nas UBS, com triagens para encaminhamentos, atendimentos nas UBS, visitas domiciliares (VD) e participação em programas de saúde coletiva.

Passados cinco anos desde então torna-se necessário saber agora como esse profissional está inserido na atenção primária à saúde (APS) na PMC, seus progressos e necessidades de redimensionamentos.

Talvez já tenhamos dados suficientes para fazermos um levantamento estatístico (pesquisa quantitativa), mas a opção foi por um trabalho qualitativo, para saber com o próprio fisioterapeuta sua real condição de atuação.

Um trabalho desse porte envolve a totalidade dos fisioterapeutas atuantes na capital, atualmente 43 profissionais, dando a qualquer interessado, seja pessoa ou instituição, a real noção de como esse serviço evoluiu desde sua implantação e a perspectiva de como ele evoluirá no futuro. Trata-se de uma pesquisa de viabilidade técnica possível, pois a prefeitura possui um órgão (CES) que regulariza toda essa problemática de pesquisas, segundo contatos preliminares já realizados.

Sem dúvida, ficará a idéia de um modelo de atuação da fisioterapia pelas prefeituras no atendimento a atenção primária da saúde, preconizada pelo SUS.

3. Objetivos.

3.1 – Geral.

Avaliar o desempenho profissional do fisioterapeuta, na atenção primária, identificando as competências e as características de atuação, que possam servir de modelo para a instalação do serviço de fisioterapia em outras prefeituras;

3.1 – Específicos.

a) traçar um perfil profissional do fisioterapeuta que trabalha na atenção primária à saúde da Secretaria Municipal de Curitiba (SMS);

b) mapear a conduta profissional na atuação do fisioterapeuta junto à comunidade, identificando erros e acertos, na visão do próprio fisioterapeuta, que possam influir numa melhor qualidade de atendimento da população;

c) levantar as dificuldades enfrentadas pelo profissional na consolidação do serviço de fisioterapia junto à atenção primária.

4. Questionamento fundamental e hipóteses.


Como se trata de uma pesquisa quali-quantitativa, onde a preocupação maior é com a opinião do fisioterapeuta sobre o seu trabalho, não há uma pergunta fundamental. O que existe é uma necessidade de identificar condutas praticadas e, ainda, relacionar essas condutas entre si de modo a criar uma idéia do trabalho como um todo. O direcionamento da pesquisa será organizado e estabelecido durante sua evolução, mas, de certa forma, sendo norteado pelo questionamento: o fisioterapeuta da PMC está sendo aproveitado de uma maneira satisfatória na atenção primária à saúde nos serviços da PMC, segundo sua própria perspectiva?

Sim, ele está sendo bem aproveitado e seu serviço é de real valor (hipótese), pois passados quase cinco anos a prefeitura duplicou o número desses profissionais através de nova contratação, além disso, levantamentos preliminares informais indicam uma diminuição dos encaminhamentos para as clínicas conveniadas (com conseqüente economia financeira para a prefeitura); também, a participação em conselhos de saúde indicam uma maior satisfação por parte da comunidade.


5. Metodologia.


5.1- O tipo de pesquisa será quali-quantitativa pois, além da pequena quantidade de dados informativos colhidos num questionário fechado inicial (quantitativo), será feita também uma entrevista extensa com os sujeitos, no modo estruturado, que será a base do projeto (qualitativo), com técnica de análise de conteúdo durante a anásise dos dados.

5.2- A população envolvida na pesquisa será a totalidade dos fisioterapeutas (ft) lotados nos diversos equipamentos da SMS, quais sejam: 26 ft nos distritos sanitários (DS) da PMC, 3 ft na US Ouvidor Pardinho, 8 ft nas EMEE, 2 ft na SMS e 4 ft sob licença, somando 43 profissionais.

5.3- Será utilizado um formulário de identificação com dados pessoais e informações básicas sobre formação acadêmica para cada fisioterapeuta. Os dados brutos a serem levantados pela pesquisa serão baseados em uma entrevista individual tipo estruturada e bloco de anotações de campo para pequenas informações julgadas relevantes. A entrevista será gravada com o consentimento do entrevistado obrigatoriamente, mesmo as realizadas por telefone e com assinatura prévia do termo de consentimento.

5.4- Será feito um contato inicial com a coordenação da fisioterapia para verificar a possibilidade de horários e os contatos telefônicos/e-mail dos sujeitos da pesquisa. De posse desse material será feito o contato para agendamento de horário e local das entrevistas desse grupo inicial e assim sucessivamente com os grupos restantes. O local das entrevistas será preferencialmente o próprio DS onde trabalham ou, na sua impossibilidade, outro local previamente combinado pelas partes, inclusive, via telefone.

5.5- O roteiro para as entrevistas constará dos seguintes tópicos:

- área de atuação;
- satisfação pessoal;

- satisfação da comunidade (experiência pessoal do próprio profissional)

- apoio da prefeitura;

- autonomia profissional;

- dificuldades em qualquer esfera;

- projetos em vista;

- capacitação profissional;

- inter-profissionalidade.

5.6- O gravador de voz será usado preferencialmente, mas somente com o consentimento do entrevistado.


6. Análise dos Resultados (interpretação dos dados).


O método utilizado para a interpretação dos resultados será análise de conteúdo, onde serão analisados todos os dados transcritos de todas as entrevistas. As entrevistas gravadas serão transformadas em arquivos de áudio digital para que possam ser identificadas, organizadas e indexadas. As anotações em bloco serão digitalizadas e indexadas também para que possam ser confrontados com os respectivos arquivos de áudio, a fim de que se dê coerência ao conjunto de informações da pesquisa.
Feito isso, haverá uma análise criteriosa com o uso do computador para identificar e cruzar os dados e informações, de maneira que se traduzam em uma interpretação confiável dos resultados.

A fim de se conseguir o menor número de vieses e maior credibilidade, será realizada uma ratificação da análise por um outro fisioterapeuta.

7. Discussão e divulgação dos resultados (e resultados esperados).

A discussão do resultado visa identificar, no conjunto de informações da pesquisa, perfis de conduta do profissional, que indiquem com clareza:

a) o que o fisioterapeuta faz na SMS;

b) o que ele espera fazer na SMS;

c) como é o seu relacionamento em todas as esferas (população, outros profissionais e secretaria de saúde);

d) quais são suas dificuldades diárias no desempenho de sua profissão e

e) qual é o seu grau de satisfação.

Espera-se com isso fazer um perfil de atuação profissional do fisioterapeuta que atua na esfera da atenção primária à saúde da SMS da prefeitura de Curitiba. Os resultados obtidos serão apresentados como trabalho de conclusão do curso de Saúde Pública do IBPEX (ligado a FACINTER), podendo, inclusive, ser divulgado em revista da profissão ou banco de dados da internet, sob a forma de artigo.

8. Cronograma (planejamento, execução e divulgação).

Pesquisa do tema: Já feito

Leitura preliminar da literatura: já feito

Comitê de ética:

- obtenção da folha de rosto do SISNEP: 30/04/2007

- entrega do projeto no comitê de ética: 02/05/2007

- reunião do comitê de ética: 31/05/2007

Prefeitura Municipal de Saúde (SMS):

- entrega do projeto da SMS: 07/06/2007

- aprovação da SMS: 30/06/2007

Leitura detalhada da literatura: simultâneo ao comitê de ética (30/04/2007 a 30/06/2007)

Inicio do trabalho de campo: 25/06/2007

ETAPAS SEGUINTES:

DATA DE INICIO:

DURAÇÃO:

Entrevistas

25/06/2007

3 meses

Reunião do material coletado

01/10/2007

1 semana

Análise e discussão do resultado

08/10/2007

1 semana

Redação da pesquisa

15/10/2007

2 semanas

Revisão do trabalho

29/10/2007

5 dias

Entrega ao IBPEX

19/11/2007


Obs.: Os prazos com data correta seguem calendário de entrada do Comitê de Ética do IBPEX e da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba e poderão ser dilatados na mesma proporção em que forem sofrendo atrasos nas respectivas instituições.

9. Orçamento (recursos a serem utilizados e fonte patrocinadora).

O material necessário à pesquisa consta de material de escritório (lápis, canetas, blocos de anotações), gravador e fitas necessárias para a gravação das entrevistas; gastos com transporte (ônibus ou carro) para a realização das entrevistas; bloco de 500 fl de papel ofício para confecção das fichas de identificação e folhas de consentimentos; e um computador para análise dos dados e confecção dos resultados. Todo esse material implicará em um gasto pessoal do pesquisador, não sendo reembolsado por qualquer pessoa ou instituição.

10. Aspectos éticos e legais.

A pesquisa será suspensa:

1 - por determinação unilateral da PMC sob qualquer justificativa julgada conveniente pela mesma;

2 – por impossibilidade pessoal do pesquisador por circunstâncias excludentes a sua própria vontade, com aviso aos sujeitos da pesquisa;

O termo de consentimento será de acordo com o modelo fornecido pelo IBPEX, com assinatura obtida de forma voluntária previamente à entrevista de cada sujeito da pesquisa. No termo será explicitado ao sujeito como será a pesquisa, a entrevista e como será resguardado seu sigilo e saúde. É facultado a sujeito, concordar ou não com os termos, inclusive, participar ou não da entrevista.

Não haverá riscos para a saúde dos sujeitos, nem entrevistas com sujeitos de grupos vulneráveis, nem uso de medicamentos ou equipamento biológico, sendo assegurado o anonimato de todos os sujeitos bem como a garantia que não haverá detalhamento sobre informações trabalhistas ou que impliquem em qualquer tipo de constrangimento destes para com a SMS.

11. Referências.

1. Protocolo Fisioterapêutico da SMS da prefeitura de Curitiba.
2. Endereço de internet da PMC. http://www.curitiba.pr.gov.br/Secretaria.aspx?o=3
3. Endereço de internet do IBPEX. http://www.ibpex.com.br
4. Endereço de internet do SISNEP. http://portal.saude.gov.br/sisnep
5. Veras MMS. A inserção do fisioterapeuta na Estratégia Saúde da Família de Sobral-CE. Sobral, CE; 2002.


quarta-feira, 23 de abril de 2008

O Brasil nunca pertenceu aos índios.

"Por sua importância e oportunidade, apresentamos abaixo o artigo sobre os 500 anos do Descobrimento do Brasil, de autoria de Sandra Cavalcanti, ex-deputada e atual Secretária Municipal de Projetos Especiais do Rio de Janeiro, originalmente publicado no Jornal do Brasil em 21/abr/00.

O Brasil nunca pertenceu aos índios
Por Sandra Cavalcanti

Quem quiser se escandalizar, que se escandalize. Quero proclamar, do fundo da alma, que sinto muito orgulho de ser brasileira. Não posso aceitar a tese de que nada tenho a comemorar nestes quinhentos anos. Não agüento mais a impostura dessas suspeitíssimas ONGs estrangeiras, dessa ala atrasada da CNBB e dessas derrotadas lideranças nacional-socialistas que estão fazendo surgir no Brasil um inédito sentimento de preconceito racial.

Para começo de conversa, o mundo, naquela manhã de 22 de abril de 1500, era completamente outro. Quando a poderosa esquadra do almirante português ancorou naquele imenso território, encontrou silvícolas em plena idade da pedra lascada. Nenhum deles tinha noção de nação ou país. Não existia o Brasil.

Os atuais compêndios de história do Brasil informam, sem muita base, que a população indígena andava por volta de cinco milhões. No correr dos anos seguintes, segundo os documentos que foram conservados, foram identificadas mais de duzentos e cinqüenta tribos diferentes. Falando mais de 190 línguas diferentes. Não eram dialetos de uma mesma língua. Eram idiomas pró-prios, que impediam as tribos de se entenderem entre si. Portanto, Cabral não conquistou um país. Cabral não invadiu uma nação. Cabral apenas descobriu um pedaço novo do planeta Terra e, em nome do rei, dele tomou posse.

O vocabulário dos atuais compêndios não usa a palavra tribo. Eles adotam a denominação implantada por dezenas de ONGs que se espalham pela Ama-zônia, sustentadas misteriosamente por países europeus. Só se fala em nações indígenas.

Existe uma intenção solerte e venenosas por trás disso. Segundo alguns integrantes dessas ONGs, ligados à ONU, essas nações deveriam ter assento nas assembléias mundiais, de forma independente. Dá para entender, não? É o olho na nossa Amazônia. Se o Brasil aceitar a idéia de que, dentro dele, existem outras nações, lá se foi a nossa unidade.

Nos debates da Constituinte de 88, eles bem que tentaram, de forma ardilosa, fazer a troca das palavras. Mas ninguém estava dormindo de touca e a Carta Magna ficou com a palavra tribo. Nação, só a brasileira.

De repente, os festejos dos 500 anos do Descobrimento viraram um pedido de desculpas aos índios. Viraram um ato de guerra. Viraram a invasão de um país. Viraram a conquista de uma nação. Viraram a perda de uma grande civilização.

De repente, somos todos levados a ficar constrangidos. Coitadinhos dos índios! Que maldade! Que absurdo, esse negócio de sair pelos mares, descobrindo novas terras e novas gentes. Pela visão da CNBB, da CUT, do MST, dos nacional-socialistas e das ONGs européias, naquela tarde radiosa de abril teve início uma verdadeira catástrofe.

Um grupo de brancos teve a audácia de atravessar os mares e se instalar por aqui. Teve e audácia de acreditar que irradiava a fé cristã. Teve a audácia de querer ensinar a plantar e a colher. Teve a audácia de ensinar que não se deve fazer churrasco dos seus semelhantes. Teve a audácia de garantir a vida de aleijados e idosos. Teve a audácia de ensinar a cantar e a escrever.

Teve a audácia de pregar a paz e a bondade. Teve a audácia de evangelizar.

Mais tarde, vieram os negros. Depois, levas e levas de europeus e orien-tais. Graças a eles somos hoje uma nação grande, livre, alegre, aberta para o mundo, paraíso da mestiçagem. Ninguém, em nosso país pode sofrer discri-minação por motivo de raça ou credo.

Portanto, vamos parar com essa paranóia de discriminar em favor dos ín-dios. Para o Brasil, o índio é tão brasileiro quanto o negro, o mulato, o branco e o amarelo. Nas nossas veias correm todos esses sangues. Não somos uma nação indígena. Somo a nação brasileira.

Não sinto qualquer obrigação de pedir desculpas aos índios, nas festas do Descobrimento. Muitos índios hoje andam de avião, usam óculos, são donos de sesmarias, possuem estações de rádio e TV e até cobram pedágio para es-tradas que passam em suas magníficas reservas. De bigode e celular na mão, eles negociam madeira no exterior. Esses índios são cidadãos brasileiros, nem melhores nem piores. Uns são pobres. Outros são ricos. Todos têm, como nós, os mesmos direitos e deveres. Se começarem a querer ter mais direitos do que deveres, isso tem que acabar.

O Brasil é nosso. Não é dos índios. Nunca foi."

Perdendo o medo.

Ao longo de nossas vidas, vamos aprendemos a reconhecer o bem e o mal, o certo e o errado, o confortante e o angustiante, a própria lei nos indica também muitas coisas que podemos ou não fazer. Aprendemos a reconhecer essas diferenças de várias maneiras possíveis: quer seja através do ensinamento de nossos pais, da nossa escola, do nosso trabalho, das nossas experiências pessoais. Porém, determinadas ações têm seus limites um pouco mais imprecisos, principalmente aqueles que envolvem nossos sentimentos. Entra então em jogo um outro grupo de regras que são vulgarmente chamadas de ética. São regras que não estão escritas, mas que também ditam nossa conduta e nos permitem avançar até determinados pontos. Tomamos nossas decisões baseados então nesse conceito de ética que temos. Mas muitas pessoas contornam essa ética, com o véu da hipocrisia, por que muitas vezes o que é ético para uma pessoa não ético para outras, pois seus valores são diferentes. E isso nos permite viver num falso mundo onde temos que usar várias máscaras para poder lidar com várias situações diferentes. As pessoas que usam menos máscaras costumam ser menos hipócritas, pois seus valores costumam ser mais bem definidos. Isso causa espanto, e admiração, em muita gente, mas também causa muita dor, pois ninguém é suficientemente forte para viver a vida de forma verdadeira. De qualquer jeito, as máscaras que usamos, a ética que adotamos e a liberdade de sermos mais ou menos hipócritas, cria um barreira em torno da gente, e é uma barreira que vamos formando ao longo de nossas vidas, é uma barreira que protege a nós ou a nossos entes queridos, da ambigüidade de nossos próprios sentimentos.

Talvez jamais devêssemos tentar cruzar alguns desses limites de nossas vidas. Eles estão lá para nossa proteção, são barreiras naturais que nós próprios construímos para que não viéssemos a precisar lidar com nossa ética, ou com nossa hipocrisia. Ocorre que muitas vezes desejamos vencer alguns obstáculos e então nos deparamos com esses limites. Construímos um mundo a nossa volta, para nos proteger dos perigos e os maiores perigos, na verdade estão dentro de nós mesmos. O amor, o ódio, a amizade, a felicidade, e tantos outros sentimentos sob os quais vamos criando nossos alicerces. Nós fazemos um muro em volta de tudo isso, criamos regras fixas para que tudo funcione e dizemos para nós mesmos até onde podemos ir. E não devemos jamais ultrapassar esses muros.

Mas chega uma hora em que o insano que está dentro de você precisa se libertar, chega uma hora que você cansa de ser o certinho, de andar arrumado, de estar limpinho. Chega uma hora em que você quer pagar para ver. Você quer ultrapassar aqueles limites que você próprio estabeleceu ao longo de sua vida. E você sabe que o risco não vale a pena. O risco é tão grande, mas você percebe que a recompensa também o é. Alguma coisa dentro de você o impele contra esse muro. Alguma besta ou anjo negro te joga contra o muro, enquanto um anjo branco te nega a felicidade plena. E na balança você sofre entre a mentira da vida, a hipocrisia das ações e as verdades que precisam ser testadas, os pecados que precisam ser cometidos. É como comer a maça na árvore da verdade. Esses desafios ficam rondando a gente por aí, estão ao nosso lado nos testando o tempo todo, e um dia você será ameaçado por eles. Eles vão gritar bem alto dentro de seu ouvido: - É com você que estou falando, seu hipócrita: vai ficar aí parado ou vai tomar uma atitude!

E meu amigo, qualquer que seja sua atitude, ela irá mudar a sua vida. Você define suas ações e suas ações definem você. E qualquer que seja sua decisão ela irá lhe abrir uma janela de compreensão, que não mais se fechará. Você nunca vai estar preparado para tomar essa decisão, você nunca vai estar preparado para testar o limite de sua ética, da sua moral, ou para ver até onde você é um hipócrita, ou mesmo para testar o seu amor, que você jurou defender. A vida é assim, sempre te testando, tornando-o um fraco ou um forte. E a escolha é apenas sua.

O céu que me acompanha.

O vento batendo no rosto, o suor escorrendo na pele, uma brisa suave - coisas da corrida noturna. Como em quase todas as noites que a faço, sinto-me completamente revigorado, e também embriagado com a visão de milhares de estrelas contrastando com a negritude perfurante deste meu céu, mesmo sendo raro um céu assim às noite de Curitiba. Consigo identificar as principais constelações: a de Órion, por exemplo, o Guerreiro de Órion, que fora colocado no céu por Diana, entre lágrima, após ter acertado uma lança em sua cabeça, na tocaia armada por seu irmão, o Apolo - segundo a mitologia grega. Órion, anunciando o início de verões, de invernos, de plantações, aos meus olhos, está mais para uma borboleta do que para um guerreiro: as Três Marias: Alnitak, Alnilam e Mintaka, no centro, e cada uma das suas quatro companheiras em um dos quadrantes das asas da “minha borboleta”: Rigel, muito brilhante; Betelgeuse, a vermelhinha; Belatrix; Saiph. Prefiro o Órion como o novo nome de ônibus espacial. E ainda correndo, o que vejo é uma borboleta, estampada no meu céu!

E lá mais ao sul do céu, pouco abaixo do Cruzeiro, as duas: Alfa e Beta do Centauro: lembra do seriado de televisão chamado “Perdidos no Espaço”? pois é, antes de se “perderem” eles planejavam ir para lá, para a Alfa Centauro, pois afinal de contas ela é a estrela mais próxima: 4 aninhos-luz, é praticamente ali na esquina, como diria Steven Hawkings, o mago vivo. O resto deste meu céu lembra um “caminho de leite”, uma faixa muito extensa de estrelas cruzando a vasta escuridão de belezas infinitas.

Lembro-me a primeira vez que vi um céu completamente estrelado. Foi n´alguma noite, na praia do Quintão, no litoral do Rio Grande do Sul. Eu era um garoto ainda, 6 ou 7 anos de idade. Nessa época ainda não existia água encanada nem luz elétrica. A praia ficava completamente às escuras à noite. Então eu subia na caixa dágua do banheiro que ficava do lado de fora da casa e fitava, maravilhado, aquele céu pontilhado destas coisinhas lindas. Não conhecia nada de nadinha “lá em cima”, pois não é que nem hoje, onde ligo o computador e tiro as dúvidas sobre o céu sob minha cabeça instantaneamente: obrigado Estellarium. Essa minha paixão pelo céu já é antiga, mais antiga até que Quéops. Eu sempre quis muito saber o que existe lá fora.

Lembro também uma outra vez, que vi um céu completamente estrelado, mas isso eu nem quero falar muito: foi depois de “burro velho”, já sabia mapear bem o céu, com suas constelações e principais planetas, já conhecia as leis da física, mas desconhecia um pouco as leis da montanha, pois quando o grupo de resgate chegou para nos resgatar, lá pelas 3 horas da madruga, e no caminho de volta... meu Deus! quando olhei para cima, não reconhecia nada: completamente estrelado estava o céu, completamente afastado das luzes da cidade, e então me dei conta que estava perdido pela segunda vez naquela trilha, naquela noite. Onde estavam as estrelas que eu conhecia? Eram milhões.

Pelo céu acabei conhecendo o mar também, pois um é contínuo ao outro, pelo menos lá em Quintão era, ah... Quintão....e lá me aventurei no que hoje eu chamaria de amor: quanta safadeza eu já fizera naquelas praias, sob aquele luar do meu céu, com uma amiguinha, mas isso é outra história! Como era o nome da moça? Regina, Regiva, Regia, não lembro mais, mas lembro das emoções que sentia. Depois delas vieram outras, morenas de peitos fartos a me deliciar, outras de peitos tocos e pensamentos toscos: me levavam a viajar por um céu de estrelas, faziam-me gemer sem sentir dor, como diria o “Zé”. Aliás, vale um conselho para nossa vida: não se apaixone nunca por uma mulher inteligente para não perder sua razão, pois como diz a coleta Ângela da comunidade do Nietzsche: "Parece-me que determinados conhecimentos não podem ser alcançados quando estamos sob o jugo da razão", ou faça o contrario: vá com tudo meu amigo e seja louco: “louco e santo”.

Também sempre gostei dos temporais que ocorriam no mar e minha mãe sempre me chamava para dentro, mas eu corria para as dunas de areia, contíguas à praia, somente para olhar aquelas nuvens escuras se formando mar adentro, contrastando com aquele céu. A natureza nos fascina, ela nos chama para si. Talvez, por isso, aos quarenta e poucos anos eu ainda precise ficar a sós com ela, para recuperar a energia perdida na cidade.

Conheci tantas coisas nessa vida, vi tantos lugares, viajei muito sem gastar tanto, meus pensamentos sempre me levaram para “onde nenhum homem jamais esteve”, mergulhei fundo nos livros, nas estórias de cinema, na mente de meus amigos, da minha família. Sempre procurei tirar proveito dos pequenos detalhes das fotografias, das músicas, das frases, entre um ou outro cálice do sangue de Jesus.

Lembro também quando parti de minha cidade natal, para viver a vida. Minha família ficou para trás, algumas lágrimas também lá deixei. Voltei alguns anos mais, com uma outra família, e viramos uma grande família. Aprendi a criar filhos, a sofrer perdas na vida, aprendi a perder, mas preferi sempre ganhar – e ganhei algumas coisas. Aprendi a não desistir. E não desisti: acabei encontrando todos os meus sonhos de infância em minha vida adulta: a família, o amor, a vida, e o céu sob minha cabeça.

Por amor aos céus, quis aprender a voar e consegui: aos 18, eu sobrevoei Foz do Iguaçu, aos 30, sobrevoei Rio de Janeiro, aos 35, Recife, aos 40, São Paulo, Brasília, e aterrisei em Curitiba, sempre sobrevoei a vida, sempre estive mais perto dos astros, sempre quis alcançar alguma estrela. E como quem voa também cai... eu caí: mas sem me machucar, pois na beleza do vôo, e na prática das coisas belas, você acaba caindo com maestria, e aprendi isso com Fernão C. Gaivota. Caia, meu amigo, caia que uma rede aparecerá para você. Caia sem medo da vida, pois a vida é bela, mas não deixe de voar.

Voe para perto, voe para longe, caia, levante, aprenda, iluda-se, ame, viaje pela vida, sempre haverá um céu sob sua cabeça. Mas nunca deixei de viajar, uma mala na mão, uma idéia na cabeça, e o desafio no coração.

O homem que sente.

Arrogante, estúpido, agressivo, impulsivo, ... , esqueci alguma?
São qualidades do Homem, qualidade não muito nobres, qualidades necessárias para aquele provérbio: "não interessa se zebra ou leão, quando amanhecer o dia... é hora de correr!", lembra? Qualidades que o tornam apto a conquistar o mundo. E sob essa fortaleza se ergue o seu nome.

Mas, por debaixo dessa proteção, existe um ser desprotegido, existe uma pessoa que sente, que chora e que ama. Nós, homens, vamos formando essa "casca" desde pequenininhos em situações tais como: - homem não chora"; - faça xixi na rua mesmo, você é homem!; - Dezoito anos, vá para o quartel aprender a ser homem; ... e por aí vai. Mas lá no fundo, bem escondido em sua alma, existe alguém sensível, que não consegue se libertar, que não pode se libertar. Em raros momentos essa dualidade de sua personalidade se expõe e percebemos então aquele namorado fazendo juras de amor, ou aquele marido lavando a louça, ou aquele senhor deixando rolar algumas lágrimas em sua face por um filme de amor, mas rapidinho ele irá enxugar suas lágrimas, porque "homem não chora": pronto! ...ninguém notou, volte a assistir o filme!

É complicado ser homem. Esperam que você seja forte, que lute, que proteja! Esperam que você seja sensível. Mas não se cria um menino para ser sensível, pois ele vai ser "gay" quando crescer. E então, nós homens, vamos crescendo com essa dupla personalidade, com essa casca grossa, com essa arrogância de não precisar ter sentimentos, com essa necessidade de esconder a sensibilidade com uma máscara de ferro, amarrada com um grosso cadeado. E alguém, que conseguir chegar suficientemente perto desta máscara, muito perto dos olhos, onde não há qualquer proteção, e onde se pode ver pela janela da alma, verá então um coração atormentado, um coração preso. Verá o coração do verdadeiro homem: o homem que sente.

A grande arte e a dor.

"Ela é morena, toda tatuada, desequilibrada, frágil. E é um gênio atormentado. Voz incrivelmente forte, que remete às negras americanas, e a virtude não apenas de cantar como de compor.

Vejo na TV Amy Winehouse na entrega do Grammy. Ela foi impedida de ir para os Estados Unidos, onde o prêmio foi entregue. Não lhe deram o visto, pelo histórico de drogas e bebidas alcoólicas. De Londres, por satélite, participou da premiação.

Levou cinco prêmios, entre os quais o de melhor música, “Rehab”. They tried to make me go to rehab/I said no, no, no. Tentaram me internar numa clínica de reabilitação, e eu disse não, não, não.

Me contam que há na internet uma bolsa de apostas para ver quanto tempo Amy, a pequena grande Amy, tão autodestrutiva, vai durar.

De alguma forma, em sua angústia jovem tão pungente, ela me lembra Kurt Cobain. Aos 28 anos, ele se deu um tiro na boca, um método altamente eficiente para se matar. Hemingway fez o mesmo.

Sei lá. O tormento pessoal é a essência do gênio de Amy Winehouse. Se ela fosse feliz, provavelmente comporia canções tolas de amor. Silly love songs.

Proust escreveu que só nos períodos de devastação íntima fez grande arte. A grande arte é infeliz, atormentada, como se vê em Amy. A arte barata, como a dos pagodes, é festiva. Tenho uma biografia de Isadora Duncan, a bailarina, nas mãos. “Toda arte foi irrigada pelas lágrimas da dor”, disse Isadora. “Vocês tinham de tê-la visto”, é o que diziam de Isadora, para a posteridade, aqueles que a tinham visto.

"O grande artista é forjado na dor, e isso com certeza não é um fato agradável na vida pessoal"

A capa da última edição de ÉPOCA mostra o poder paradoxal da tristeza, sobretudo na arte. Eis uma discussão fascinante. O grande artista é forjado na dor, e isso com certeza não é um fato agradável na vida pessoal. Beethoven não seria Beethoven sem a tormenta interna. Lennon. Lennon jamais superou a morte da mãe, Julia, para a qual compôs várias músicas. Da melódica e nostálgica “Julia”, ainda na era Beatle, à dramática e pungente “Mother”, na fase individual. Lennon dizia tê-la perdido duas vezes. Uma quando ela, jovem desajustada, o entregou bebê à irmã mais velha, Mimi. Outra quando, ele adolescente, ela retornou a sua vida para logo depois ser atropelada e morta numa rua traiçoeira de Liverpool. My mummy is dead/I can’t understand. Minha mãe está morta, e não consigo entender, cantou Lennon numa outra canção (mais propriamente vinheta).

Amy. A delicada Amy. A talvez perdida Amy. Numa outra música que não “Rehab”, ela diz: Love is a losing game. O amor é um jogo de perda. Alguém discorda? Me pergunto aqui, em vão, o que vai ser dela, e eu gostaria apenas que de alguma forma ela fosse protegida da ânsia de se autodestruir, e que vivesse o bastante para mostrar aos filhos, aos netos quanto ela, tão diminuta ali diante dos homens grandes do coro em sua dança esplêndida, se agigantava no palco ao microfone. Mas para tanto Amy teria de ser mais alegre. E teria, mais ainda, de desmentir Isadora Duncan e sua tese consolidada pelos fatos de que só a dor produz a grande arte."

Texto de: FÁBIO HERNANDEZ (revista época online - 10?03/2008)

POR QUE O TERRORISTA NARCOTRAFICANTE URIBE ASSASSINOU RAÚL REYES?

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 3 de março de 2008)

Agora que os olhos do mundo se voltam para a América do Sul, imagino que devemos fazer uma profunda reflexão dos interesses que possam estar envolvidos, no caso recente da invasão ao Equador pela Colômbia. Não se trata apenas da morte de um negociador, ou da libertação de uma refém, além, claro, da invasão de um país por outro. Isso talvez seja apenas pano de fundo para assuntos de uma profundidade muito maior. Há interesses por todos os lados, tais com o de um presidente que quer mais um mandato, do narcotráfico que financia campanhas, de países que apoiam ou não certos presidentes, de uma refém que poderá ser uma real canditada oposicionista. Países vizinhos podem usar o incidente para ser armar, pois só estava faltando o pretexto, alguns líderes podem surgir como negociadores para valorizarem suas campanhas. venda de armas, soberania negligenciada, apoio externo. A lista de é longa.

Tantos são os interesses envolvidos, que chegamos a conclusão que a verdade não existe, e que a razão, se não forjada previamente, se perde entre tantas mentiras.


"Tudo o que sei é que nada sei".
Links para consultas:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u378117.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u378161.shtml

Segue um texto do jornalista Laerte Braga, postado no Café História (http://cafehistoria.ning.com)

"POR QUE O TERRORISTA NARCOTRAFICANTE URIBE ASSASSINOU RAÚL REYES?

Laerte Braga

Raúl Reyes era o principal negociador das FARCs com os governos da Venezuela e da França para a libertação de prisioneiros de guerra e a busca de um espaço para negociações de paz mais amplas na Colômbia. Por duas vezes a ex-senadora Ingrid Betancourt esteve para ser libertada.

Na primeira delas o governo do terrorista narcotraficante Álvaro Uribe armou emboscada para os guerrilheiros que, em missão de paz e acertada com o governo da Colômbia, estavam levando provas que a ex-senadora estava viva.

Os documentos, inclusive as cartas pessoais de Ingrid a sua família foram divulgadas por Uribe o que gerou protestos da mãe de Ingrid, de sua irmã e dos seus filhos.

Nobel de economia diz que custo de duas semanas de guerra no Iraque poderia acabar o analfabetismo no mundo ."Se soubessem que teriam que pagar uma conta de US$ 3 trilhões com um resultado incerto - talvez haja paz no Oriente Médio, mas talvez não - eles diriam: 'Será que não podemos pensar num modo melhor de fazer isso?'."http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/02/080225_stiglitzlivroiraque_ba.shtml

No momento que foi assassinado Reyes estava em território do Equador e negociava com o governo francês através do presidente Chávez e do presidente Corrêa a libertação de Betancourt. Uribe sabia, Uribe havia concordado como da vez anterior, Uribe traiu.

Pela segunda vez Uribe frustrou qualquer perspectiva nesse sentido pela simples razão que não lhe interessa a libertação de Ingrid Betancourt, sua adversária política.

O ataque terrorista colombiano foi feito oito quilômetros dentro do território equatoriano e o presidente Corrêa já protestou e chamou seu embaixador em Bogotá, afirmando inclusive que o telefonema de Uribe informando sobre ações militares na fronteira dos dois países foi “mentiroso e audacioso”. Uribe não falou que a força aérea terrorista da Colômbia estava atacando em território do Equador.


O presidente da Venezuela Hugo Chaves já advertiu o líder terrorista colombiano que caso operações semelhantes venham a ser feitas no território da Venezuela haverá guerra. Chávez é o principal negociador para a libertação de Betancourt, conta com apoio do governo francês e de vários outros países interessados em encontrar uma solução de paz para a guerra civil na Colômbia.


Mas allá de patético novelón mediático montado por Uribe, en Colombia, hoy mas de dieciocho millones (18’000.000) de niños y jóvenes colombianos mueren y son sometidos a tratos crueles, inhumanos y degradantes, obligados a un vida de miseria, llena de hambre, desnutrición y privaciones de todo tipo. Abatidos por la absurda guerra y el hambre física, miles de niños y niñas, son explotados laboralmente, empujados a la prostitución, a la mendicidad, a la drogadicción, al hurto, a deambular por las calles de las grandes capitales bajo la mirada indolente de un Estado y una clase poderosa minoritaria que ostenta y derrocha las riquezas infinitas del país mientras los niños mueren de hambre en las calles sin ningún tipo de protección y ayuda.

Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, deu entrevistas em Manágua e condenou a ação terrorista do governo de Uribe, afirmando, entre outras coisas, que “Reyes era um negociador e estava negociando a paz”.

Ingrid Betancourt é apenas um peão nesse jogo todo e não interessa a Uribe que a ex-senadora seja solta. Vai complicar o processo político na Colômbia e forçar o narcotraficante/terrorista (que quer mudar a constituição para mais um mandato, o terceiro) a aceitar negociações com as FARCs.

Governos europeus não alinhados com a política terrorista de Washington, Bush é o verdadeiro governante da Colômbia, mostram-se indignados com a ação terrorista da organização de Uribe. O presidente da França, que é aliado dos Estados Unidos, lamentou que as perspectivas de paz tenham sido interrompidas por essa ação insana e que violou o direito internacional (Uribe operou em território do Equador), eliminando perspectivas imediatas e concretas de paz.


O acampamento das FARCs no Equador tinha o objetivo de ampliar as negociações para a libertação de Ingrid Betancourt e outros prisioneiros de guerra, depois de várias manifestações das FARCs nessa direção, inclusive a libertação de vários presos de guerra nas últimas semanas, exemplo que vem sendo seguido pela outra força insurgente, o Exército de Libertação Nacional (ELN).

A hipótese de uma ação terrorista colombiana na Venezuela não está descartada e pode ser parte do golpe em constante articulação contra o governo do presidente Chávez.



É só lembrar que os Estados Unidos armaram com armas químicas e biológicas inclusive, o governo de Saddam Hussein para uma guerra contra o Irã e o chefe da Al Quaeda, Osama bin Laden para enfrentar as tropas da extinta União Soviética no Afeganistão.

Faz parte do conjunto de ações terroristas da Casa Branca esse tipo de prática. O discurso de democracia, direitos humanos, liberdade, etc, se esvai nos campos de concentração de Guantánamo, no Afeganistão (800 prisioneiros sem culpa formada), nos seqüestros praticados contra cidadãos árabes em países europeus (a CIA responde a processos na Itália e na Alemanha por ações dessa natureza) e na autorização expressa do terrorista George Bush de tortura contra presos que “ameacem os interesses dos Estados Unidos”.

A simples possibilidade de libertação de Ingrid Betancourt, pelo que passou a significar e a perspectiva de negociações de paz na Colômbia frustra o narcotráfico, no poder desde que Uribe foi eleito a primeira vez, contraria interesses norte-americanos, o maior deles derrubar Chávez e apropriar-se do petróleo da Venezuela e dispor de bases efetivas na Região Amazônica, outro grande objetivo da organização terrorista Casa Branca e dos grupos que representa.



O narco-terrorista Álvaro Uribe

Uribe é um preposto dos EUA, do narcotráfico, um terrorista sem entranhas e respeito pelo que quer que seja e assim como o governo nazista de Israel, não quer a paz, não lhe interessa a paz, não pretende a paz.

Em torno de todo esse discurso o que existe são “negócios”, apenas “negócios”.

As principais redes de televisão controladas pelos terroristas norte-americanos e colombianos já receberam instruções para dar destaque à morte de Reyes como sendo um golpe no “terrorismo das FARCs” e assim, jornais e revistas, a imensa e esmagadora maioria dos veículos de comunicação na América Latina, Ásia e África e boa parte da Europa e assim, ocultar a verdade dos fatos.

No caso específico do Brasil a REDE GLOBO no afã de aumentar os recursos recebidos dessas organizações terroristas (Casa Branca, Bogotá, etc) montou informes especiais para mentir e vender a idéia de democracia aos telespectadores que considera idiotas padrão Homer Simpson.


É a grande pasta do terrorismo mundial, a norte-americana. Bush não integra nenhum “corpo atuante” de uma arapuca, mas gosta de profissionais decorando com luzes natalinas e cristãs a Casa Branca.

Importa a versão, não a realidade.

Uribe assassinou Reyes para dificultar as negociações de paz e a libertação de Ingrid Betancourt, neste momento, símbolo do que pode vir a ser o futuro da Colômbia. Não é o que ele Uribe quer, nem Washington.


Mesmo caso do governo nazista de Israel em relação aos palestinos. Casa de palestinos destruída pelos terroristas de Israel no ataque à Faixa de Gaza, no justo momento que o Hammas propõe a paz e 64% da população de Israel diz que aceita. Ao terrorismo nazista do Estado israelense não interessa a paz, nem ao narcotráfico de Uribe. “São negócios” e são “parceiros” na barbárie. "