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quarta-feira, 23 de abril de 2008

O complexo de Deus.

(importado de http://georgekieling.zip.net , postado em: 21 de outubro de 2007)

O texto abaixo é bastante técnico e para seu completo entendimento sugiro algumas leituras adicionais. Mesmo sendo técnico, ao publicar o texto, eu o aborto em seus termos mais genéricos, principalmente por que não sou detentor deste conhecimento. Então muita coisa fica sem explicação, mesmo assim, é necessário essa abordagem inicial antes de levantar os questionamentos filosóficos a respeito de tal assunto. Aliás, todos os temas tratados aqui no blog tem essa característica, são técnicos para pessoas leigas, mas superficiais para um profissional. São temas destinado a um público em especial. Afinal, o blog chama-se "entrelinhas do saber" e não "abobrinhas do saber".

Espero que apreciem...

O Complexo de Deus.

É possível o homem criar artificialmente um ser vivo?
Alguns pesquisadores acham que sim.

Cientistas na área da biologia, engenharia, química e outras ciências afins, trabalhando em poderosos laboratórios e financiados por grandes empresas, universidades ou mesmo governos estão cada vez mais perto de criar a vida artificialmente. O assunto é muito técnico, complexo e difícil de entender, mas não faltam informações na rede mundial de computadores para explicar tal complexidade.
Desde que a molécula de DNA (ácido desoxirribonucléico) foi descoberta as pesquisas não pararam mais de crescer para tentar decifrar o funcionamento desta estrutura de 3 bilhões de pares de moléculas de nucleotídeos distribuídos em 23 cromossomos diferentes. Sabe-se que essa molécula guarda, com todos os detalhes, informações completas de como montar um ser vivo integral, é um mecanismo criado pela natureza para auto-duplicação da célula. Surgiu então a necessidade de se mapear essa molécula. E os estudos começaram: bactérias, vírus, pequenos animais e o homem. A técnica hoje já está bem avançada e temos inclusive o desenvolvimento do Projeto Genoma Pessoal onde algumas pessoas colocam suas informações genômicas em domínio público. Paralelo a isso começaram as experiências com a clonagem, que em termos bem simples implica na transferência do núcleo da célula somática de um doador adulto para um óvulo sem núcleo, se o óvulo começar a se dividir normalmente ele será então transferido para o útero da mãe receptora. A partir daí a célula começará a se reproduzir com as informações genéticas do seu doador. Para exemplificar, tivemos um caso muito famoso, o caso da ovelha Dolly, e então vários outros animais se seguiram e logo se pensou no homem. A especulação foi muito grande em torno desse novo projeto e muitos pesquisadores e laboratórios anunciavam avanços neste sentido. Mas esbarramos no problema ético e em alguns problemas técnicos ainda hoje sem solução, como no caso da Dolly que precisou de 277 tentativas e quando nasceu já era velha (telômero mais curto). Claro, sempre teremos aqueles pesquisadores que não ligam para a ética: estão nem aí: “- ...se eu não fizer, outro o fará, então, que seja eu!”, é o que poderiam ter tido. Vejam até que ponto vai a inteligência humana, e dizem ainda que só o brasileiro tem o tal “jeitinho”: “...se meu país me proibir de fazer a clonagem humana eu irei fazê-la em águas internacionais.” Claro, algum país iria se habilitar a receber tal fulano, e um dos casos mais famosos foi o do ginecologista italiano Severino Antinori. O fato é que ainda isso não foi possível, pelo menos nos meios legais e pelas informações que chegam até nós. Com relação à questão ética tivemos ainda um grande pesquisador na área de células-tronco, acusado de forjar suas experiências. Woo-Suk Hawang, pesquisador em laboratório de genética e professor na Universidade Nacional de Seul, forjou resultados em estudos que afirmava ter clonado células-tronco embrionárias a partir de material genético de pessoas doentes. Nenhuma das células produzidas tinham os genes dos pacientes em questão. E ele era considerado autoridade nesse tipo de pesquisa até então.

Vale aqui uma pequena observação. Quem deveria ler uma pesquisa de um cientista deveria ser apenas um outro cientista, pois cientistas como o citado acima são iguais a políticos, falam o que você gostaria de ouvir, ou melhor, o resultado da pesquisa dele pode ir de encontro a sua hipótese e essa hipótese estar atrelada ao interesse da industria, ou a ele próprio, como nos casos onde os cientistas criam sua própria industria, cito aqui o controverso cientista e dono de empresa genética, Craig Venter.

O próximo passo então seria tentar "mexer" nessa molécula. Vieram então os cortes em pequenos trechos de DNA de alguns microorganismos para implantá-los em outros seres vivos e ver o que aconteceria. Sabe aquela história de colocar eletrodos em várias partes de um cérebro (encéfalo) e ver qual a reação nos organismos? É mais ou menos isso com o DNA. Talvez seja esse o único mecanismo para descobrir o que ainda não sabemos, tanto do cérebro, como do DNA da célula. Surgiu daí os transgênicos, que é um motivo de briga acirrada por patentes. Com esse tipo de pesquisa logo surgiu a necessidade de criarmos máquinas para reproduzir automatica e sistematicamente determinadas cadeias de aminoácidos. Lembro aqui, e fazendo uma pequena analogia, que o primeiro componente eletrônico a amplificar um sinal eletrônico foi a válvula e logo depois surgiu o transistor (semicondutor). Os equipamentos diminuíram com a chegada do transistor, mas a grande revolução ocorreu mesmo foi com a chegada do CI (circuito integrado) e isso se deu porque se usou uma técnica automatizada e sistematizada de incluir vários transistores dentro de uma única pastilha de silício, e isso feito completamente por máquinas, e cada vez mais transistores foram colocados dentro da mesma pastilha. Isso foi um marco e uma revolução na eletrônica e com ela veio a miniaturalização dos equipamentos eletrônicos que persiste até hoje. Não chegamos a este ponto ainda na genética, mas falta pouco. Falta criar um mecanismo eficiente para criar seqüências de aminoácidos e com isso avançar para uma nova etapa que seria a criação de um DNA artificial, já em estudo. As possibilidades dentro da genética são enormes, principalmente quando aliadas com a nanotecnologia, a física, a eletrônica, e a química.
Hoje estamos desenvolvendo tecnologia para clonar órgãos, criar seres vivos com outras funções (com mudanças na seqüência de DNA), estamos pesquisando as células-tronco, sequenciamento de DNA de seres vivos, incluindo aí os seres humanos, temos pesquisas com transgênicos, logo estaremos pesquisando com eficiênica a clonagem humana, e não tem como evitar esse assunto e, muito em breve, estaremos pesquisando o DNA totalmente artificial criado em laboratório e com isso, o primeiro ser vivo totalmente artificial.

Antes de entrar com a 2ª parte do texto, "colo" aqui um clipe que fiz há algum tempo para ilustrar este texto, o clipe acabou saindo bem antes do texto, porque eu me empolguei com o clipe ...re...re...re



São maravilhas da tecnologia que avançam pelo nosso mundinho, esbarrando nos nossos preconceitos, na nossa ética, na nossa religião. Isso deixa muito pesquisador esnobe, arrogante e detentor de um dom equiparável ao do Criador.

Eu, particularmente, acho que a vida é muito complexa para ser criada do nada. Foram milhões de anos para que toda a massa e energia do universo se organizasse e formasse um ambiente onde pudesse se estabelecer a vida. E agora que o homem começa a pensar sobre de que ele é feito e começa a mexer em sua estrutura genética, não poderá achar que isso é criar vida. O que mais parece é um quebra-cabeças onde você tira uma peça de um lugar para colocar em outro lugar e fica um buraco. Será que o homem está criando a vida ou está destruindo a vida. A vida está aí, abundante por todo o planeta, se relacionando entre si e com o meio aonde vive e mais, evoluindo constantemente sem parar. Quando um cientista anunciar que já pode criar o primeiro DNA artificial, na verdade, ele estará anunciando o auge de um trabalho estabelecido há muito tempo, por toda uma série de pesquisadores que o antecederam, ele estará entrando na situação da GOTA DÁGUA, ou seja, existe toda uma estrutura por trás de uma descoberta científica, existem pesquisas anteriores que serviram de base para aquela descoberta, existem inovações tecnológicas que impuseram uma melhor qualidade na pesquisa, existem incentivos desde financeiros até aos ideológicos que impulsionaram a pesquisa e existe também toda uma equipe dando idéias. Criar um ser vivo é ser Deus? ou é apenas mais um degrau que subimos no entendimento de como funciona o universo e de como nos relacionamos com ele. Todos nós, de alguma forma estamos enchendo o balde aos pouquinhos, cada um com uma pequena caneca, mas alguém irá colocar a última caneca: aquela que irá fazer o balde transbordar: é a “gota d´agua”.

Milhões de anos foram necessários para a evolução de uma bactéria para que ela se relacionasse com todas as espécies que estão a sua volta. Então, vem um cientista e cria uma conjunto novo de seqüências de DNA para aquela bactéria, que ele certamente vai dizer que é uma nova vida criada por ele, onde essa nova vida, não saberá como se relacionar com o que está a sua volta, ou seja, com as milhares de possibilidades. Ele não parece ter criado, mas sim ter modificado uma já existente que vai interagir com o habitat a sua volta o qual não foi modificado: modifica a vida, mas não modifica o habitat nem as milhares de relações criadas ao longo de milhares de anos. Ora bolas...dane-se tudo isso. Ele criou algo e é famoso. Isso é que importa. É isso que importa? Só saberemos daqui a alguns anos como essa nova espécie interagirá com seu novo meio. Talvez essa nova vida se adapte ao meio, talvez essa vida não sobreviva ao meio, ou pior para nós, talvez ela destrua o meio a sua volta.

E quanto ao patenteamento desta nova vida? Ele cria uma bactéria com uma nova seqüência de DNA que será responsável por uma determinada função na natureza. Logo, ele vai querer ser o dono deste novo ser: vai querer ser o seu Deus. Vai querer patentear aquele ser vivo. Pronto: é um DEUS! Ao meu ver, uma das maneiras de lidarmos com esse complexo e com toda a questão ética envolvendo essa situação é atribuirmos responsabilidade. “O direito de saber implica no dever de fazer” ou “grandes poderes implicam em grandes responsabilidades”. Eu acho que o cientista deveria ser dono da técnica que levou a criação de tal ser, e isso por um período de tempo, pois não devemos esquecer que aquela descoberta é fruto de todo um trabalho que o antecedeu, mas se ele, além disso, quiser ser dono de tal ser vivo ele deverá ser responsabilizado pelos estragos que esse novo ser vivo vier a causar na sociedade ou no planeta. Ananda M. Chakrabarty, em 1972, pediu uma patente por uma linhagem única de bactéria Pseudomonas, que poderia fazer diminuir manchas de óleo no mar de uma maneira mais eficiente do que outros especialistas com outras técnicas usadas neste tipo de desastre. Não conseguiu a patente, talvez hoje em dia ele conseguisse, pois muitas empresas detém patentes semelhantes. Ele seria o criador daquele ser vivo, o seu Deus particular. Mas e se a bactéria se multiplicasse muito, migrasse para outro habitat e consumisse todo o petróleo do mundo. O “dono” dessa vida seria responsabilizado?. Isso me lembra a história de donos de Pit-bull que ferem crianças. E se num futuro não muito distante ele quiser criar seres mais evoluídos que bactérias, animais domésticos ou mesmo um ser humano, por exemplo? Ele será dono deste ser humano? Será ele um Deus?

3 comentários:

Anônimo disse...

Vivemos muito pouco na terra, em relação à nossa existência. Saimos de uma barriga e somos os seres mais inteligentes aqui, apesar de sermos os mais frágeis ao nascermos. Sem a união social não sobreviveríamos sequer um dia sós. Esta união, este amor é que nos faz sobreviver. Mas somos arrogantes, queremos ser Deus, e não nos damos conta que somos êle.
Brincamos com o DNA, com a naturesa, mas basta um virus desconhecido ou um furação para sairmos correndo como ratos.
Não somos ratos e também não somos Deus. Somos todos parte de Deus assim como os ratos.

Anônimo disse...

A questão de sermos os seres mais inteligentes é discutível. O que é ser inteligente? Talvez seja entender que você faz parte do todo e que tem que se relacionar com esse todo, para então ser feliz e deixar a natureza agir sobre você no processo evolutivo. Sob este aspecto, acho então que os índios nativos do Brasil eram mais inteligentes que nós, pois não tinham doenças, tinham moradia, viviam felizes, tinham o que comer, enfim, se relacionavam bem com o seu habitat sem querer dominá-lo. Ao querer dominar o habitat ao qual você está inserido, você mexerá com um ciclo evolutivo que teve origem no big-bang e será que você conseguirá evitar as consequências? Somos inteligêntes ou somos burros? será que não seria melhor simplesmente ir vivendo?

Obrigado pelo comentário.
George Kieling

Theodoro disse...

No dia 4 de dezembro de 2009 22:36 fiz um comentário aqui como anônimo, talvez porque meu nome não passe de um simples registro para habitar aqui neste tempo, onde os nomes importam menos que as estatísticas.Já se passaram dois anos e pouco e descobri muitas coisas...
A pergunta que sempre me fazia e de difícil resposta era: O que eu sou? Quem eu sou é fácil responder : Theodoro A.Prado eng., atleta, músico, astrônomo,....!!!
Somos entes espirituais.
A entrada aqui neste parque temático de Deus onde só podemos habitar quando ganhamos duas coisas, : um corpo físico e o livre arbítrio, vem acompanhada de duas regras : ninguém permanece para sempre e ninguém leva nada material, me fizeram perceber muitas verdades.
Não há vida sem a força vital, sem o espírito e lógico, este não poderemos reproduzir em nenhum laboratório...não é material.
Quando copulamos, como qualquer outro animal, é para darmos a oportunidade de um espírito vir ter uma experiência material, talvez uma dádiva que pode ser concluída com aprendizado e evolução espiritual, brilho na alma, que é a única coisa que vamos levar daqui.
Isto não é novidade para ninguém aqui,...todos sabem todas estas coisas,...talvez só não parem para refletir sobre elas, porque a materialidade acaba cegando as pessoas...mas faz parte do aprendizado. Todos teremos que passar por estas etapas e então, não é descrédito para ninguém "errar".
Porque somos todos irmãos?
Somos feitos do mesmo DNA espiritual,...o de DEUS, de quem fazemos parte...sim somos parte de Deus....nós e os ratos, que também estão em processo de evolução, não científica mas espiritual.
Procurem a luz....o caminho é o amor pela humanidade.
Aproveitem a estadia, mas não esqueçam das regras...
Theo, vosso irmão.