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quarta-feira, 23 de abril de 2008

República de bananas.

O texto logo abaixo é eminentemente político. Se você não gosta ou não tem acompanhado a evolução política do país nos últimos meses....passe batido !!



Era uma fruteira tão segura, tão bonita, bem ornamentada. Jamais alguém poderia imaginar que aquela banana iria cair da mesa. Mas caiu. Despencou. Espatifou-se no chão. E foram-se embora todos aqueles nutrientes, alguns bem conhecidos: cálcio, potássio, outros, nem tanto: ác. fólico. Todos iriam fazer parte do cardápio altamente nutritivo de algum ser vivo.
A comoção foi geral e a maçã, a laranja, o pêssego e até as uvas queriam saber por que aquela banana caiu da mesa. Sua consistência era bem firme, embora a vigilância sanitária tivesse vacilado algumas vezes em suas inspeções periódicas, fato esse notado pela casca solta em um dos lados daquela banana.
O bananão chefe, desta vez, aguardou um pouco antes de vir a público falar sobre as providências tomadas, talvez pelo fato de que até agora ninguém ainda ter esquecido o episódio da outra banana que se chocou com um abacaxi, e muitas dúvidas que ainda pairavam no ar, literalmente falando, sobre as providências e sobre as apurações da época, que até hoje não desceram pela garganta. Tal qual o episódio anterior, tudo agora apontava para uma “convergência de fatores” tais como a mesa escorregadia, sucos derramados na toalha, diversos tipos de frutas fazendo parte de uma mesma mesa sem poder identificar a qual doce específico fazia parte, ou então bananas para todos, tanto para quem tem diarréia quanto para quem tem prisão de ventre, e ainda um possível motim dos cozinheiros que cuidam do controle da quantidade de bananas sobre as mesas. Acho que ao final chegaríamos a uma outra bananada.
As principais frutas da mesa se reuniram então. Eram todas bananas muito maduras e com vários podres camuflados em forma de laranjas, digo, em forma de cascas de laranjas. Mas todas com um ar muito respeitoso de bananas “for export”. Elas queriam saber por que aquela banana despencou da mesa. Trataram logo de montar uma comissão bananal de investigação, uma outra agora. Isso era necessário, pois em outras casas as bananas amadurecem a cada quatro anos, mas nesta uma, o amadurecimento está constantemente ocorrendo. Mesmo que estas bananas não venham a compor um cardápio rico em nutrientes para a população elas precisam estar sempre enfeitando a mesa em forma de banana split.
A comissão bananal chamou logo a banana responsável pela investigação do controle de movimentação de bananas que não apontou coisa alguma, pois dividia a tarefa de controlar bananas amarelas e bananas verdes, sendo que as verdes estavam amadurecendo muito depressa e isso estava se tornando um problema. Chamou também uma banana responsável pelo controle de todas as bananas que apodrecem nas mesas. Esta última foi chamada, inclusive, várias vezes, e que teve como conseqüência uma pequena declaração sua: “...-não me chamem novamente aqui! Deixem-me cumprir meu papel em outro cardápio. Eu não quero ser banana split!”.
Logo veio o bananão chefe e trocou o comando das principais frutas da mesa, pois percebeu que apenas a conversa não resolveria nada (isso até funcionava bem no sindicato das bananas) e que agora era preciso “competência”, ou seja, uma pequena luz aparecia no fundo da geladeira: não adiantava em nada uma maçã tomar conta de uma bandeja de bananas ou um pêssego ficar responsável pelas maçãs.
Entrou então em cena um novo bananão para pôr ordem na mesa. Com esse agora era assim: “Não interessa a cor da banana: se ela é verde ou se ela é amarela. O que interessa é que ela alimente o macaco!”.



Tudo isso maculou a imagem da casa, que já foi responsável por ter as melhores bananas da cidade. Hoje as bananas apodrecem ou deslizam em poças de suco sobre a mesa e caem, e essa desconfiança no mercado das bananas faz com que nossas bananas caturras e pratas sejam rebaixadas à condição de bananas nanicas, como quer a organização civil internacional de bananas, principalmente depois que vieram à tona as informações genéticas extraídas da semente amarela da banana que estava sob investigação.
Com essa comissão muitas informações vieram a publico, muito glamour, muita tragédia e o assunto estendeu-se por muito ainda, mas tal qual o caso anterior, da banana que bateu em um abacaxi, não chegou-se a um consenso, de como uma banana foi escorregar pela mesa e cair no chão, levando embora uma série de nutrientes tão importantes.. E também isso não importa muito, logo, todos vão esquecer e a comissão bananal vai se formar novamente e vai mostrar seu real valor, vai estar na mídia, vai chamar novamente a atenção para os problemas da mesa e então, mais uma vez, vai saindo de fininho para tentar esclarecer outro “causo”, pois afinal, a mesa vive de “causos”.
Tem horas em que frutas, cereais, verduras e demais alimentos se questionam sobre o real papel dessas bananas maduras em gerenciar o cardápio de toda uma população. Elas não se mostram eficientes em seu trabalho e se preocupam mais em ficar no sempre no centro da banana split. Onde está o novo cardápio que essas comissões deveriam criar baseado em suas investigações acerca de bananas que constantemente apodrecem em diversas mesas de diversos lares?

O clipe abaixo foi criado especialmente para que possamos refletir um pouco sobre este texto acima. Tem quase 5 min e um final com uma pequena mensagem. Espero que apreciem.

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